Em um dia relativamente calmo, Steiner concedeu uma entrevista exclusiva para o GPblog. “Só essa entrevista, não tenho mais nada hoje”, comentou ele de um quarto de hotel em Londres, onde está para a turnê de lançamento do livro no Reino Unido. Ele relata que, depois da conversa, pretende explorar a cidade e, provavelmente, será abordado por fãs pedindo autógrafos e fotos, algo que ele já acostumou a lidar com paciência.
Olhando para o passado na Haas
Steiner se tornou uma figura popular depois de sua participação na série da Netflix Drive to Survive, onde sua personalidade autêntica ganhou destaque no paddock da Fórmula 1. Após anos desafiadores com a equipe Haas, Steiner não teve seu contrato renovado ao final de 2023, apesar de ter sido responsável pela construção da equipe desde o zero. Em seu novo livro, ele descreve a trajetória na Haas, abordando os momentos difíceis, as frustrações e os poucos destaques.
Mesmo com a longa história na Haas, Steiner afirma que não sente falta do cargo. "Quando você chega a um ponto em que sabe que tem paixão, trabalha e sabe como fazer, mas não pode fazer, é como se estivesse com um braço amarrado nas costas, então a paixão vai embora", desabafa Steiner. Ele destaca que sua luta não era só contra as outras equipes de F1, mas também contra o próprio Gene Haas, o dono da equipe.
Frustração nos últimos anos
Steiner usa a palavra “frustração” para definir o sentimento que dominou seus últimos anos na Haas. "Eu diria que começou há quatro anos, mas eu não percebi na época. E é por isso que digo que deveria ter saído em 2022." Ele comenta que a crise se acentuou com a pandemia de Covid-19. Enquanto outras equipes viam os desafios e também oportunidades, a Haas, segundo ele, apenas enxergava problemas e adotou uma política de cortes, o que resultou em um reinício nada promissor, com menos investimento.
Em seu livro, Steiner revela que sentiu que Gene Haas estava perto de fechar a equipe. Ele descreve várias ocasiões em que praticamente implorou para que Haas mantivesse o time funcionando. “Acho que ele teria fechado a equipe se eu não tivesse encontrado dinheiro, porque em 2020 nem usamos o túnel de vento. E na Fórmula 1, quando você para de usar o túnel de vento, é um sinal claro de problemas”, disse o ex-chefe da Haas.
A recusa de Haas em vender a equipe também é mencionada por Steiner. Segundo ele, o empresário rejeitou uma oferta de uma empresa de investimentos por ego. “Eu disse: se eu conseguir dinheiro e ele puder vender uma parte da equipe, podemos usar esse valor para investir. A oferta era boa, mas ele recusou.”
Alívio com a saída da Haas
Para Steiner, o fim de sua jornada na Haas foi, em suas palavras, um “alívio”. “Eu disse à minha esposa: 'Estou livre agora'. Não quero mais desapontar a equipe, mas também não quero continuar nesse caminho que não leva a lugar nenhum. Coloquei tanta energia e esforço e sabia que estava apenas sobrevivendo, sem avanços. Era sempre a mesma batalha, todos os dias.”
Embora muitos pudessem lamentar a saída de um projeto do qual foram tão parte integral, Steiner encara a situação de forma positiva. “Sim, foi meu ‘filho’, mas depois de anos de frustração, estou bem com isso. Não estou magoado, minha vida segue e tenho muitas coisas para fazer. Eu gosto da vida.”
Steiner finaliza com uma reflexão sobre sua passagem na Fórmula 1: “Eu não fiz nada de errado. Não roubei dinheiro, não prejudiquei ninguém. As pessoas ainda gostam de mim. Quando vou aos paddocks, as pessoas me respeitam pelo que fiz. Não sou perfeito, mas não tenho arrependimentos, absolutamente nenhum.”