Essa decisão também encerra, de certa forma, a parceria da Renault com a Red Bull. A equipe britânica confiou nos motores Renault durante a era híbrida, após ter conquistado quatro títulos consecutivos de construtores com o motor V8 da Renault entre 2010 e 2013. No entanto, o motor híbrido V6 da Renault provou ser menos confiável e menos rápido do que os das rivais Mercedes e Ferrari. Como resultado, a Red Bull optou por trocar para os motores Honda em 2019 e conquistou dois campeonatos de construtores desde então.
Desafios financeiros da F1 e a visão de De Meo
Desde que assumiu a Renault, há quatro anos, Luca de Meo identificou vários obstáculos financeiros que a marca enfrenta no esporte. "A estrutura de remuneração na F1 não leva em conta os investimentos feitos pelas equipes de fabricantes, então gastamos mais que os outros, mas não recebemos mais", explicou de Meo em entrevista ao L'Equipe.
De Meo também sugeriu que simplificar os motores poderia ter ajudado a Renault em sua jornada na F1. "A longo prazo, a F1 poderia, quem sabe, propor uma simplificação tecnológica, como imaginar um motor sem hibridização, sem eletrificação, que faz barulho e funciona com e-fuel, mantendo uma imagem verde", sugeriu o executivo. Ele propôs que essa mudança poderia incentivar mais fabricantes a ingressar na F1, com uma margem de 10% para que cada fabricante pudesse adaptar o motor.
Apesar dessa visão, a Fórmula 1 já planejou sua próxima geração de motores, que terá uma divisão de 50-50 entre a combustão interna e o sistema híbrido. "Esse novo regulamento é um compromisso entre as exigências de cada fabricante, mas os custos de desenvolvimento são enormes e será difícil de administrar, até mesmo para os pilotos", afirmou de Meo.
Transição híbrida subestimada pela Renault
Entre 2014 e 2018, a Renault forneceu unidades de potência híbridas à Red Bull, mas a falta de ritmo e confiabilidade levou Christian Horner, chefe da equipe Red Bull, a buscar alternativas. De acordo com algumas fontes, os motores da Renault ainda estão cerca de 15 cavalos de potência abaixo dos concorrentes. De Meo reconheceu que a Renault subestimou o que seria necessário para ter sucesso na era híbrida da F1.
"Sejamos honestos, quando você visita a unidade de motores da Mercedes, chamada HPP (High-Performance Powerunits), vê 900 pessoas trabalhando lá. Em Viry, temos apenas 340. Eles possuem bancadas de teste que nós não temos. A transição para a era híbrida exigiu investimentos maciços, e subestimamos isso na época. Estruturalmente, operamos com três cilindros enquanto outros têm oito", admitiu o CEO.
De Meo revelou que, quando assumiu a Renault, o grupo cogitava abandonar a Fórmula 1. "Quando cheguei, o grupo queria parar a F1", disse ele. "Não temos a estrutura necessária para liderar o desenvolvimento de produtos químicos de baterias, gerenciamento de software e recuperação de energia."
O fim da parceria com a Red Bull e a reorganização em Viry marcam o encerramento de uma era para a Renault na Fórmula 1. A equipe agora busca resultados melhores no futuro, mesmo com os sacrifícios feitos ao longo do caminho.